Bolsonaro critica STF, chama ministro de “canalha” e diz que só sai morto da presidência

FOLHAPRESS Em discurso diante de milhares de apoiadores nesta terça-feira (7) na avenida Paulista, o presidente Jair Bolsonaro repetiu as ameaças golpistas contra o STF (Supremo Tribunal Federal) que fez pela manhã em Brasília, exortou desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairá morto da Presidência.
“Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”, afirmou Bolsonaro, que ainda desafiou quem o investiga: “[quero] Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso”.
Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade.”
“Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro.”
Assim como tem dito em discursos no interior do país, Bolsonaro afirmou que as únicas opções para ele são ser preso, ser morto ou a vitória, afirmando na sequência, porém, que nunca será preso: “Dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá”. “A minha vida pertence a Deus, mas a vitória é de todos nós”, prosseguiu.
Bolsonaro chamou Moraes de canalha e voltou a mirar o sistema eleitoral brasileiro, em ataque direto ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso. O chefe do Executivo pediu de novo a implantação do sistema do voto impresso na disputa de 2022, apesar de essa proposta já ter sido derrubada pelo Congresso.
“Não é uma pessoa que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável, porque não é”, afirmou. “Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do TSE.”
A atual crise institucional, patrocinada por Bolsonaro, teve início quando o presidente disse que as eleições de 2022 somente seriam realizadas com a implementação do sistema do voto impresso.
Bolsonaro também atacou a decisão do corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, que vetou repasses de dinheiro a páginas bolsonaristas investigadas por disseminar fake news sobre a urna eletrônica. “Não podemos admitir um ministro do TSE também, usando a sua caneta, desmonetizar páginas que criticam esse sistema de votação.”
O mandatário lembrou em diversas frases a importância de seus apoiadores e agradeceu a todos os que chamou de patriotas, que se manifestaram pelo país na data. “Não existe satisfação maior do que estar no meio de vocês”, “onde vocês estiverem eu estarei”.
“O apoio de vocês é primordial, é indispensável para seguirmos adiante. Nesse momento eu quero mais uma vez agradecer a todos vocês. Agradecer a Deus pela minha vida e pela missão.”
Os atos desta terça foram dominados por discursos golpistas do presidente e por faixas, cartazes e gritos autoritários e antidemocráticos de seus apoiadores. O STF foi o principal alvo, em especial os ministros Moraes e Barroso.
Moraes foi o responsável por decisões recentes contra bolsonaristas que ameaçam as instituições. O ministro tem agido a partir de pedidos da PGR (Procuradoria-Geral da República), sob o comando de Augusto Aras, indicado por Bolsonaro, e da Polícia Federal, órgão subordinado ao presidente.
O feriado da Independência também foi marcado por um factoide do chefe do Executivo que envolveu STF e Congresso.
Bolsonaro chegou a anunciar uma reunião para esta quarta-feira (8) com os presidentes de Supremo, Câmara e Senado, mas as assessorias de Luiz Fux (STF), Rodrigo Pacheco (Senado) e Arthur Lira (Câmara) disseram que não há nenhuma previsão de reunião.
fonte:odocumento