Deputado descarta disputar a eleição para prefeito de Cuiabá
Novato no Parlamento Estadual, Beto já responde pela vice-liderança do governo na Casa de Leis
O deputado estadual Beto 2 a 1 (PSB) descartou qualquer possibilidade de vir a encarar a eleição majoritária na Capital no próximo ano. O parlamentar afirma que tem o desejo de ser prefeito na Capital, mas frisa que neste momento está focado em seu trabalho na Assembleia Legislativa.
O seu nome foi lembrado para a disputa eleitoral pelo presidente do PSB em Mato Grosso, deputado estadual Max Russi, que também citou os nomes do secretário de Estado Allan Kardec, do empresário Elson Ramos e da médica Natasha Slhessarenko.
A agremiação também convidou o deputado estadual Eduardo Botelho (União) para se filiar a legenda e disputar a eleição do ano que vem em Cuiabá. Beto, contudo, acredita que o seu colega de parlamento não irá abandonar a sua sigla.
Novato no Parlamento Estadual, Beto já responde pela vice-liderança do governo na Casa de Leis. Apesar disso, ele afirma que não dirá “amém” a todas as ações do Executivo Estadual.
Leiagora – o senhor assumiu o mandato há pouco tempo, gostaria que começasse falando as suas primeiras impressões do Parlamento.
Beto – Eu estou muito feliz, eu queria muito estar aqui [Assembleia], me preparei para estar aqui. Por mais que eu já tenha sido secretário no município, secretário no Estado, eu passei um ano na Assembleia como assessor do Botelho, e tive essa vivência legislativa, e tinha a noção clara do tamanho das demandas e como seria.
O fato de ter sido colocado, logo no início, como vice-líder do governador Mauro Mendes ajudou muito para que o ritmo fosse cada vez mais intenso. São funções completamente distintas. Na Secretaria você tem aquela ação especifica em determinadas áreas. Fui secretário de Cultura, de Esporte e de Turismo e apesar de serem três segmentos distintos, eles têm uma interface.
Agora, na Assembleia é diferente: cada demanda é de um município, cada demanda é de um segmento. O dia a dia da Assembleia é intenso, me coloquei à disposição do Legislativo e participo de sete Comissões. Então, todo dia tem Comissões, todos os dias tem reuniões, tem os dias de sessão, as pautas do governo, as pautas que eu acredito. Então, estou muito feliz e trabalho muito.
Leiagora – Ao assumiu a cadeira de deputado o senhor também assumiu o compromisso de responder pela vice-liderança do governo na AL (…)
Beto – Eu tenho muita tranquilidade com isso, porque a construção da minha vida política se deu nesse modelo de gestão, com o governador Mauro Mendes. Eu fui secretário do município e fui secretário de estado durante a sua gestão, então é natural que eu defenda esse modelo.
Claro que pautas que eu julgue importante vão ser dialogadas, como sempre foi mesmo no tempo que eu estava como secretário. E aqui não tem sido diferente, a convivência tem sido respeitosa, democrata e harmoniosa.
Leiagora – Antes de ser empossado o senhor disse que apesar de ser aliado do governador, não diria amém a tudo do governo. Como fica essa independência com o senhor estando na vice-liderança?
Beto – Com diálogo. Temos como exemplo um caso emblemático. O governador mandou um projeto de lei para a Assembleia limitando o valor para shows e convênios, e eu tinha um entendimento claro de que aquele valor era insuficiente, desconectado da realidade desse segmento e fui para o diálogo.
Conversei com o governador, conversei com o segmento, conversei com a AMM, com os municípios, com os produtores culturais e nessa semana aprovamos uma lei limitando em R$ 600 mil, mas uma lei que valoriza artistas locais, que limita o gasto com shows nacionais, mantem a cadeia produtiva de shows e eventos funcionando no estado.
Então, com diálogo, com democracia conseguimos chegar a um consenso, porque todos, seja deputado, seja secretário, seja o governador, tem o mesmo objetivo que é melhorar a vida das pessoas. Quando se tem o mesmo objetivo, as vezes, os caminhos são diferentes, mas como o objetivo é o mesmo é mais fácil de se chegar a um senso comum.
Leiagora – O Dilmar permanece na liderança, mas não tem escondido o seu descontentamento. A que o senhor atribui isso? Está tentando mediar a situação?
Beto – O Dilmar me recebeu com um carinho absurdo, está sempre ao meu lado me orientado. Dilmar foi um grande líder de governo da história, está no posto há muitos anos, conduzindo de forma magistral a liderança e para mim é um privilégio ser vice-líder dele, poder estar aprendendo de como exercer a liderança.
Eu só tenho elogios a falar para ele. O Dilmar está há muitos anos na Casa e eu sinto ele vivendo a experiência de muitos mandatos, onde já sabe os atalhos, não precisando percorrer todos os caminhos que eu preciso percorrer.
Sobre as possíveis insatisfações, sobre o governo eu não vejo nada pontual. Na Assembleia, ele manifestou a mim, com clareza, sobre a questão da mudança no regimento que ocorreu, que proibiu líder de governo de participar de Comissões.
Eu, particularmente, acho uma grande perda, porque o Dilmar é um parlamentar muito ativo, com muito conhecimento, mas é a democracia, eu acredito que Dilmar continua firme e forte exercendo a liderança.
Leiagora – O senhor ficou responsável por fazer o substitutivo do projeto de lei que trata sobe verbas públicas aplicadas em shows. Como está essa questão?
O governador tinha apresentado um projeto de lei que limitava os gastos em R$ 200 mil com shows e eventos. Esse projeto foi enviado para a Assembleia no ano passado e estava parado, e logo que a gente chegou a gente começou a se movimentar, pois esse é um segmento que eu vivo, que eu respeito, que me elegeu.
Partindo disso, o presidente Botelho me designou para que eu conduzisse esse diálogo. Então, conversei com prefeitos, AMM, artistas, produtores culturais, realizadores de eventos, com os deputados, com a área técnica, com a Secel, com o governador do Estado e mostrei que esse valor estava muito aquém da realidade.
Então, construímos um novo formato, com o aval de todos, onde teríamos uma limitação de R$ 600 mil para eventos. Desse valor, eu coloquei que 60% seria destinado para estrutura física como palco, som, banheiro químico e etc, e 40% para shows, sendo que desses 40%, 30% dos gastos com cache para artistas locais.
No entanto, tivemos um outro substitutivo integral por parte do deputado Dilmar, e esse valor ficou 50% para estrutura e 50% para shows. E desses 50% destinado para shows, 30% para gastos com artistas regionais.
Aumentamos, também, um pouquinho o valor da contrapartida das prefeituras. Então, se as prefeituras quiserem realizar shows e eventos, ela vai ter que gastar um pouco mais, no mínimo, 10% de contrapartida dos municípios.
Com esse formato, a gente muda o que estava posto, pois tinha muitos convênios que fazia eventos de até R$ 700 mil e gastava tudo com artista de fora, deixava todo o dinheiro para fora do estado, esquecendo os artistas locais e a cadeia produtiva local. Com isso criamos uma limitação onde os artistas locais são valorizados, os artistas nacionais têm uma limitação clara, e a cadeia produtiva abastecida.
Então, achamos uma boa saída, foi aprovada nessa semana e segue para a sanção do governador. Espero que ele sancione essa lei para que a gente consiga colocar esse segmento em andamento novamente.
Leiagora – Deputado, o assunto do momento em todo o país são essas ameaças de ataques a escolas. Acredita que as medidas anunciadas pelo governo nesta semana trarão mais Segurança no ambiente escolar?
Beto – Eu parabenizo de pronto o secretário de Educação, Alan (Porto), o secretário Roveri (Segurança) e o governador Mauro Mendes por estarem atentos. Nós não tivemos em Mato Grosso algo substancial, graças a Deus, mas é uma situação nova que preocupa. Na nossa geração esse tipo de coisa não acontecia.
Então, eu parabenizo a pró-atividade do governo de buscar soluções, de buscar ações paliativas em relação a isso. Essa é uma pauta que temos que estar muito atentos, pois está atingindo a toda a população.
Eu tenho dois filhos, um de 12 anos e um de oito anos que estavam com medo de ir para escola. É uma pauta importante e preocupante que temos que estar atentos.
Leiagora – Outro assunto que não podemos deixar de tratar é sobre a intervenção. Quais as suas impressões até o momento?
Beto – Como todo morador da cidade de Cuiabá, como deputado, todos nós tínhamos a vivência clara do caos que estava posto na saúde de Cuiabá. Não tinha um dia que não víamos uma manchete com um escândalo, com descaso e os mais variados problemas.
Na semana passada estivemos com a interventora Danielle Carmona e com o Hugo e eles nos apresentaram um resumo que é aterrorizador, assustador, sem base e sem precedentes na história do nosso estado. Acerta o Ministério Público quando pede essa intervenção, e acerta o Tribunal de Justiça quando determina que isso aconteça.
O governador não queria uma bomba dessas no colo dele, ele já tem muitos problemas para lidar, mas a intervenção deixou muito claro que o modelo de gestão posto na Secretaria de Saúde de Cuiabá precisa ser mudado. E vou mais além, não adianta os interventores passarem dia e noite os 90 dias trabalhando, se assim que a intervenção acabar o modus operandi continuar.
Precisa ser feito um Termo de Ajustamento de Gestão, um Termo de Ajustamento de Conduta, um termo que for mais adequado para que o novo modelo de gestão imposto seja continuado, se não vamos começar a enxugar gelo mais ainda.
Eu sou contra a intervenção de uma maneira geral, mas no caso da saúde de Cuiabá, não vejo outra saída. Eu sempre quis estar na Assembleia, porque eu tinha convicção que era aqui na Assembleia que a gente decide o futuro do Estado e das pessoas, e logo no começo eu pude votar uma ação que mudaria e salvaria a vida das pessoas. Então, não tenho dúvidas que essa intervenção vai salvar a vida das pessoas.
Leiagora – A intervenção acabou sendo muito politizada por conta da rixa entre o governador Mauro Mendes e o prefeito Emamuel Pinheiro. Na própria Assembleia pode se notar isso no momento da votação do decreto de intervenção. Como vê isso?
Beto – Eu vejo isso com muita clareza. O governador não desejou a intervenção, não foi uma iniciativa que partiu do governo do Estado. Essa bomba foi colocada no colo do governador para que ele resolvesse. Eu não tenho duvidas que, com a quantidade de problemas que esse Estado tem, o governador não queria mais esse problema que é a saúde pública de Cuiabá, mas foi posto a ele, é uma decisão judicial.
Então, os adversários políticos do governador Mauro Mendes vão sempre usar esse pretexto para fazer uma cortina de fumaça ao que está acontecendo de fato, e o que é fato? O fato é que não tem médico, não tem remédio. Eu não sei nem de cabeça quantas operações policiais a Secretaria de Saúde foram alvo. Isso é um fato.
Agora, se voce quiser achar que isso é uma briga política, isso já é uma conjectura que foge da realidade.
Leiagora – Entrando na questão partidária. O presidente estadual do PSB o colocou como um nome possível de disputar a eleição para prefeito de Cuiabá. O senhor tem esse interesse?
Beto – Eu fico feliz por ter sido lembrado. Isso é sinal que o trabalho que fiz como secretário tanto no município quanto no estado, quanto a minha votação para deputado aqui no município, que foi uma votação expressiva, chamaram a atenção. Quem não gostaria de fazer por sua cidade? Quem não gostaria de ser prefeito de sua cidade, ainda mais quando você não concorda com o modelo de gestão que está posto.
Eu gostaria muito de mudar, virar a chave, fazer com que Cuiabá voltasse a crescer e a ocupar o protagonismo que ela merece entre as capitais no Brasil, mas neste momento eu estou muito focado na Assembleia, eu me preparei para ser deputado, eu desejei ser deputado, e estou feliz por estar aqui. Fico grato com o presidente Max Russi que lembrou meu nome, fico lisonjeado, não descarto essa possibilidade um dia, mas nesse momento, hoje, eu estou muito feliz na Assembleia, com o trabalho que eu estou fazendo. Estou colaborando com Cuiabá de forma efetiva como deputado, e nesse momento não penso nisso
Leiagora – Nessa semana, ele também admitiu que convidou o Botelho para se filiar ao partido e disputar a eleição. Como vê isso?
Beto – Eu tenho muito carinho pelo Botelho, fui assessor dele a quatro anos atrás, acho ele um cara extraordinário, mas hoje ele é filiado ao União Brasil, e não existe uma janela nesse momento.
Botelho é aquele craque que todo time grande quer. Hoje ele está no Barcelona e o Real Madri o convidou. O PSB hoje é um grande partido no Estado, o nosso presidente Max Russi fez um trabalho absurdo de construção partidária, elegeu quatro deputados na eleição do ano passado e hoje, ao lado do União Brasil e MDB, tem a maior bancada na Assembleia.
O deputado Botelho seria muito bem-vindo no PSB, mas eu não consigo visualizar ele saindo do União Brasil, que é um partido que ele está lá há muito tempo, com muito amigos. Se não tiver imbróglio em um partido não é partido político, isso faz parte. Essas disputas vão acontecer sempre.
Eu já fui filiado ao União Brasil, me desfiliei faz pouco tempo, eu era presidente municipal, e o União Brasil é um partido formado por muitos caciques, muitos personagens históricos: Mauro Mendes, Jayme Campos, Julio Campos, Dilmar, Botelho, Fabinho, Coronel Assis, enfim, uma quantidade de correligionários gigantes que tem história, tem peso.
Então, é normal um partido com tantos personagens crie um barulho desse, mas acho que é muito mais barulho que problema de fato. Eu, particularmente, ele não sai do União, mas olhando de fora.