Irmão: bacharel em Direito pediu para morrer após matar a filha

Tragédia familiar aconteceu na madrugada de terça-feira em Rondonópolis; outro filho se feriu
Familiares da bacharel em Direito Clelida Silva de Almeida, de 34 anos, que asfixiou até a morte a filha de três anos durante um surto, na madrugada desta terça-feira (12), em Rondonópolis, ainda estão incrédulos com o crime. Ela também feriu o filho de 15 anos com um caco de vidro.
Os parentes afirmam que ela não tinha histórico de violência e nem de transtornos psicológicos.
“Enquanto eu a segurava, ela só ficava falando: ‘Por favor, me mata. Por favor, me mata. Eu fiz besteira’. Ela pediu isso antes mesmo da polícia chegar”, afirmou Clint Xavier, de 47 anos, irmão mais velho de Clelida.
O primeiro sinal de que algo estava errado surgiu na última sexta-feira (8), quando a bacharel começou a dizer que estava sendo perseguida.
Como ela não dava muitas explicações à família sobre quem, quando ou onde notou a presença do estranho, eles desconfiaram que pudesse ser um sinal de esquizofrenia.
Como os relatos de que estava sendo seguida continuaram, a mãe de Clelida a chamou para ficar em sua casa, no Jardim Santa Laura – onde o crime aconteceu.
Ela passou a tarde de segunda-feira (12) na casa da mãe, para dormir lá nesse dia. A todos Clelida dizia estar se sentindo bem.
O crime aconteceu durante a madrugada, quando estavam na casa apenas Clelida, sua mãe e as duas crianças. O padrasto dela havia saído, justamente para pegar uma ficha para que ela pudesse consultar um médico e falar sobre essa sensação de perseguição.
A dona da casa, de 65 anos, acordou com os gritos do neto e correu para socorrê-lo. Clelida estava com os filhos em uma suíte com acesso pelo lado de fora da casa. Para impedir a passagem, ela colocou um guarda-roupas e uma cama em frente da porta.
Impulsionada pelos gritos, a idosa empurrou a porta até conseguir abri-la, mas já era tarde demais. A menina, ao que indicam as investigações, foi asfixiada com um travesseiro.
Com um caco nas mãos, Clelida tentava agora ferir o filho, ao mesmo tempo em que também fez menção de se ferir.
Clint, que mora nos fundos da casa da mãe, chegou pouco tempo depois e precisou segurar a irmã até a chegada do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Segundo ele, o socorrista perdeu a cabeça quando viu a criança morta pela mãe. “Ele surtou, pegou ela pelos cabelos, bateu a cara dela no chão e chutou. Os policiais que estavam junto também a agrediram. Minha irmã está com o rosto todo desfigurado”.
A família está desolada e ainda tentando processar tudo o que aconteceu. “Quem está mal é a minha mãe. Além de ver a neta morta, viu a filha ser espancada”, afirmou.
Uma mãe amorosa
Segundo Clint, somente um surto psicótico explica o ocorrido. “Ela não bebe, não fuma, não mexe com química nenhuma e de uma hora pra outra deu esse surto. A gente fica até sem rumo. Ela estava trabalhando, ganhando bem, de uma hora pra outra acontece isso”.
Aguardando receber a carteirinha da Ordem, Clelida atualmente estagiava no Fórum de Rondonópolis.
“Era uma mãe amorosa demais. A menina anda sempre bem arrumadinha, tudo que precisava estava na mão. Deixava de comprar as coisas pra ela para dar para a filha”.
O rapaz de 15 anos ficou com um corte do lado direito do pescoço, mas a lesão não foi profunda. Ele agora está aos cuidados do pai.
fonte:midianews