Passagem em Cuiabá é a segunda mais cara do país e toma 16% do salário mínimo

Alguns prefeitos reduziram a passagem, outros congelaram, mas em Cuiabá optou-se por seguir os empresários dos ônibus
A pandemia e o aumento dos custos do preço dos combustíveis foram os argumentos utilizados para o aumento, congelamento e também pela redução dos valores das tarifas das passagens de ônibus nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. Em Cuiabá, o prefeito Emanuel Pinheiro seguiu o argumento dos empresários para reajustar os valores.
Hoje, Cuiabá tem a segunda tarifa mais cara do país com a cobrança de R$ 4,95, perdendo apenas para Curitiba (PR) e Brasília (DF) cujo custo é de R$ 5,50. Um trabalhador que ganha salário mínimo tem 16% desse dinheiro utilizado para bancar o transporte coletivo.
“Muitas pessoas vivem de bico em Cuabá, são autônomos, não tem patrão. Essas pessoas tem que gastar R$ 10 por dia para transitar. Fico chocada com a falta de sensibilidade, parece que esqueceram do impacto da pandemia na vida das pessoas, que perderam amigos e familiares”, comentou a vereadora Edna Sampaio (PT).
Ela destacou que o aumento da passagem foi abusivo e que penaliza a população e criticou a postura do prefeito, que ao invés de defender a maioria da população, optou por acatar os argumentos das empresas de ônibus.
“Infelizmente o poder público que se elege com discurso de defesa da população, acaba se posicionando, na prática, em defesa dos interesses do empresariado. Mas não é só no transporte coletivo, mas também nas concessionária de água, na empresa que distribui os medicamentos que foi até aberto CPI. O subsídio deve ser feito para baratear a passagem. Cuiabá não pode ser a segunda capital com o preço mais alto. Isso nao pode ser ignorado pelo gestor e apenas empurrar ao usuário”.
Algumas prefeituras adotaram essa postura em benefício da população. Em Salvador (BA) foi concedido o reajuste, mas a prefeitura aumentou o subsídio pago às empresas para que o usuário continue pagando R$ 4,40.
Em Rio Branco (AC), a prefeitura reduziu o preço da passagem em outubro de 2021 de R$ 4 para R$ 3,50. O mesmo foi feito em Maceió (AL) que reduziu o valor de R$ 3,65 para R$ 3,35.
A Prefeitura de Natal se recusou a aumentar a passagem e manteve R$ 4 no dinheiro e R$ 3,90 no cartão sob o argumento de penalizar a população com mais gastos, pois houve disparada nos preços dos alimentos e no custo de vida.
A Prefeitura de Belo Horizonte (MG) tem o caso mais emblemático. O município e as empresas de ônibus travam uma disputa judicial. As empresas conseguiram uma decisão judicial obrigando o município a aumentar o preço da passagem. Os empresários querem R$ 5,85 e a prefeitura quer manter os R$ 4,50.
Confira os valores das passagens no país
Capitais Valores da passagem
Cuiabá R$ 4,95
Campo Grande R$ 4,40
Goiânia R$ 4,30
Brasília R$ 5,50
Curitiba R$ 5,50
Florianópolis R$ 4,50 dinheiro e R$ 4,38 cartão
Porto Alegre R$ 4,80
Rio de Janeiro R$ 4,05
São Paulo R$ 4,40
Belo Horizonte R$ 4,50 (em litígio para aumentar para R$ 5,85)
Vitória R$ 4,20
Salvador R$ 4,40
Aracaju R$ 4,50
Maceió R$ 3,35 (tarifa reduzida em 2021)
Recife R$ 4,10
João Pessoa R$ 4,40
Natal R$ 3,90 cartão R$ 4 dinheiro
Fortaleza R$ 3,90 e R$ 1,80 meia passagem
Teresina R$ 4 inteira e R$ 1,35 meia
São Luis R$ 3,40 e R$ 3,90 (integração)
Rio Branco R$ 3,50 (reduzido em outubro de 2021)
Porto Velho R$ 4,05
Palmas R$ 3,85
Macapá R$ 3,70
Manaus R$ 3,80
Belém R$ 4,00
Boa Vista R$ 4,50
fonte:leiagora