7 de outubro de 2024

Filha de sargento que morreu afogada foi sem autorização em piscina com a irmã

Além da ausência de salva-vidas, pai apontou problemas estruturais no clube, em Cuiabá

ra um domingo de Páscoa quando o sargento Claudiney Neves, da Polícia Militar de Mato Grosso, foi até o Círculo Militar de Cuiabá para deixar um ovo de chocolate para a filha, Soraya Camila, de 12 anos. Uma hora após essa visita do pai, a menina estava morta.

Os detalhes daquele trágico 17 de abril foram contados pelo pai da adolescente ao Leiagora.

Sem autorização da mãe, a adolescente pegou a irmã, de 8 anos, e foi até a piscina do Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército de Cuiabá (Grêmio Antônio João), anexo ao Círculo Militar. Soraya morava com a mãe, a irmã e o padrasto, militar do Exército Brasileiro.

Claudiney acredita que a filha tenha escorregado e batido a cabeça enquanto brincava na piscina, escondida da família.

A morte da adolescente é investigada pelo Exército Brasileiro (veja o que a instituição disse ao final da matéria) e também pela Polícia Civil.

Claudiney compartilhava a guarda da filha com a ex-mulher e pretendia trazer a menina para morar com ele.

“A minha família se encontra em estado de luto. Minha filha era cheia de vida, a gente estava com planos para o futuro dela. É uma ferida aberta que a gente vai ter que aprender a conviver”, declarou o pai.

 No lugar da presença da filha, ficaram as lembranças e a ausência de uma criança.

“Ela tinha 1,60 metro de altura e sabia nadar. Ela não foi autorizada a ir até lá. Era uma criança desobediente. Aproveitou que a mãe estava na cozinha, pegou a irmã e foi até a piscina. Tinham dois salva-vidas e os dois saíram para o almoço”, afirmou o sargento.

A ausência das crianças só foi descoberta depois que a irmã de Soraya procurou a mãe em casa e a chamou quando percebeu o afogamento da adolescente.

“O acidente não foi só o afogamento. Ela tinha uma lesão no rosto, deve ter caído, batido a cabeça no chão e caiu na piscina. Ninguém viu ela se debatendo. Ela tinha uma estatura que, de repente, pudesse ser possível ela sair da piscina”, afirmou o pai.

Além da ausência dos profissionais salva-vidas, o sargento denuncia que havia problemas estruturais no clube: a piscina deveria ter duas escadas e havia apenas uma, que estava quebrada. Havia lodo ao redor da piscina e o chão estava escorregadio. Para o pai, esses fatores favoreceram o acidente.

“No dia do afogamento fomos duramente criticados, de que pai e mãe estariam bebendo e não viram. As pessoas fazem juízo de valor sem conhecimento de causa. Infelizmente aconteceu essa tragédia e vamos mover uma ação. Foi uma falha do clube”, finalizou o pai.

Claudiney tem outros filhos e recebeu todo apoio e suporte de amigos e da família. Ele é membro do Corpo Musical da Polícia Militar de Mato Grosso e estava trabalhando no dia em que a menina morreu.

O militar soube do ocorrido por uma ligação da ex-mulher, mãe da adolescente.

“Não consigo equilíbrio. Não sei como vamos prosseguir, o que fica é a dor. Em cada momento de lazer ou aniversário, a gente vai sentir falta ela”, disse.

Piscina fechada e sindicância aberta

Em nota enviada ao Leiagora, o Exército Brasileiro disse que a direção do Grêmio Antonio João determinou o fechamento da piscina do clube até o término das investigações.

Afirmou também que está adotando todas as medidas de segurança para a futura reabertura.

Uma sindicância foi aberta no dia 25 de abril, pelo Comando da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, para apurar se há ou não indícios de crime militar, em relação ao fato ocorrido. O processo administrativo tem 30 dias para ser concluído.

A reportagem pediu uma atualização sobre a investigação, mas a Polícia Civil não respondeu a solicitação.

fonte:leiagora

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