7 de outubro de 2024

Credores cobram dívidas milionárias junto ao hospital São Luiz do grupo Pró-Saúde

Em meio à crise na saúde pública, causada pela Covid no mundo, em Cáceres a situação é preocupante

Otradicional Hospital São Luiz que atende pacientes de Cáceres, de 22 municípios da região e até de San Mathias, de tempos pra cá, tem deixado a desejar, acumulando uma série de questionamentos da população que tanto precisa da importante unidade hospitalar, como do Poder Público, que tem cobrado explicações para que medidas sejam tomadas. Afinal, num momento em que a sociedade tanto precisa, é inaceitável a precariedade instalada nos mais diversos setores do HSL.

Fundado em 1938, desde 1993 ele era administrado pela Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC). Hoje a gestão é feita pela Pró-Saúde. E, recentemente, foram realizadas audiências públicas na Câmara e denúncias foram devidamente formalizadas, através de funcionários da unidade, pacientes, do Conselho Municipal de Saúde (CMS) e também dos médicos que desabafaram a angústia e a falta de condições de trabalho na unidade.

Estiveram presentes também vereadores, representantes das secretarias de Saúde do município e do Estado e o deputado federal Doutor Leonardo, que é médico e atuou por muitos anos no HSL.

A Pró-Saúde assumiu a gestão do Hospital São Luiz no final de 2018 e, segundo informações colhidas, desde então a situação se agravou. Durante este período, segundo uma colaboradora, foram trocados inúmeros diretores, literalmente tapando buracos e empurrando o problema de um para outro. Ressalta que, quando um deles começava a tomar pé da situação, já era substituído.

O governo disse na audiência na Câmara que os repasses estão em dia e que nos últimos 24 meses, na gestão Pró-Saúde, foram pagos aproximadamente R$ 50 milhões ao Hospital São Luiz, referente apenas a um contrato junto ao governo estadual, contrapondo a versão da administração do HSL (Pró-Saúde) que – não enviou nenhum representante às audiências – justifica que a ausência e atrasos nos repasses acabam gerando a crise financeira na unidade. Porém, os documentos apresentados mostraram outra realidade.

 O Hospital acumula dívidas que são de conhecimento público e, por conta da inadimplência de valores expressivos, diversos profissionais da saúde, empresas prestadoras de serviços e até mesmo fornecedores suspenderam suas atividades junto ao HSL, ocorrendo a contratação de outras terceirizadas e até mesmo deixando de oferecer determinados serviços no Hospital.

O Laboratório São Matheus, um dos maiores laboratórios da região, que prestou serviços por mais de 8 anos junto ao Hospital São Luiz, teve que encerrar suas atividades na unidade hospitalar em setembro do ano passado, devido à falta de pagamento. O valor atualizado do débito supera R$ 1,5 milhão. “A permanência tornou-se insustentável, pois mantínhamos um serviço de qualidade, com profissionais, equipamentos e insumos próprios, jamais deixamos de realizar os serviços, cumprimos fielmente os contratos, e ainda permanecemos atendendo por mais de um ano e meio sem receber, é inconcebível” desabafam os empresários que, depois, completam: “na gestão anterior, da Congregação Santa Catarina, não sofremos com esse tipo de problema financeiro, poderiam haver atrasos, mas sempre nos pagaram”.

O advogado Alexandre Quidá, que representa um grupo de credores, informou à reportagem que há meses vem entabulando acordos junto à diretoria estatutária da Pró-Saúde, através do seu presidente e vice Arcebispo Dom João Bosco Óliver e Padre Robson Gonçalves, respectivamente, bem como com a diretoria executiva em São Paulo.

Ressalta, entretanto, que não tem mais observado um interesse de forma objetiva para que ocorra uma solução efetiva por parte da empresa.

O jurista alega que buscava acordos flexíveis, entendendo o momento de crise, e diz que esperava, ao menos um start nos pagamentos das dívidas, mas que percebeu que isso não aconteceria, por isso, encerrou às negociações administrativas e iniciou a tomada de medidas judiciais pertinentes, o que não era o objetivo desde o início das tratativas.

“Em respeito à história do Hospital São Luiz, à Igreja Católica, aos profissionais que lá trabalham, e em especial à população que tanto necessita da unidade, tentamos diversos acordos, os quais restaram infrutíferos. É inadmissível, um grupo grandioso como o Pró-Saúde, com mais de 30 hospitais pelo país, se instalar em Cáceres, e simplesmente não cumprir com contratos firmados, se amparando na situação pandêmica em que vivemos e também na filantropia, a qual se enquadram, para se manter inadimplentes em vários compromissos, acreditando que terão guarida judicial e que no momento não poderão sofrer reprimendas por conta da atividade que exercem, o que de fato não é uma realidade, se assim fosse, a insegurança jurídica estaria instalada em nosso sistema. Esquivar-se de dívidas seria uma constante”, diz o advogado.

Recentemente, o Estado e o HSL celebraram um aditivo contratual, em que o Hospital São Luiz terá um significativo aumento no repasse, em mais de R$ 500 mil mensais, acrescendo aproximadamente R$ 6 milhões ao ano que, somados ao valor que já é repassado atualmente, o Hospital da Pró Saúde receberá do Governo de Mato Grosso, R$ 30,6 milhões, no período entre março de 2021 a março de 2022.

fonte:rdnews

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