Mulher militar destaca-se como pioneira em condução de carreta com blindados
A paranaense Juliana Coques Paz está fazendo história no Exército Brasileiro. Nascida em Clevelândia, no Paraná, ela tornou-se a primeira militar do Comando Militar do Sul, a primeira paranaense e uma das primeiras da Força Terrestre a conduzir carretas com excesso de largura. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), atualmente o número de mulheres ao volante de caminhões e carretas no Brasil compõe cerca de 10% do total de profissionais.
A ex-esteticista decidiu mudar de profissão e seguir os passos do marido caminhoneiro em 2012, quando passou a dirigir no transporte de caçambas de construção civil e, posteriormente, caminhão-tanque. Na época, ela já integrava um pequeno grupo de mulheres caminhoneiras, cerca de 6% do total de motoristas.
Mas foi em julho de 2020 que ela entrou para a história como a primeira mulher do Comando Militar do Sul (que engloba os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina) a transportar blindados, e por ser uma das pioneiras do País. Na função de motorista, ela serve no 5º Batalhão Logístico (5º B Log), unidade que presta apoio logístico às organizações militares orgânicas da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada nas atividades de suprimento, manutenção e transporte de blindados manutenidos em Curitiba para todo o Brasil.
“Fui a única mulher a participar do processo seletivo para sargento temporário motorista e realizei um sonho de servir à Pátria e exercer a profissão de que gosto. Sempre gostei de dirigir e pilotar e agora estou na estrada transportando os blindados da Força Terrestre”, afirma a 3º Sargento Juliana Paz.
Um de seus primeiros desafios foi transportar um blindado para a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), localizada na cidade fluminense de Resende. Foi uma semana de viagem dirigindo uma carreta de 60 toneladas e 3,70m de largura, com a carga de 48 mil quilos.
Além da direção, a Sargento Juliana Paz também é responsável pela manutenção preventiva da carreta, troca de óleo, regulagem de freios, limpeza, amarração e desamarração da carga e o procedimento de manobra e carregamento de embarque do blindado. “Estou muito animada com os próximos desafios e espero que mais mulheres sigam o sonho de ser motoristas de carreta. Eu tenho o apoio da família e do Exército”, afirmou.
Mulheres no Exército
A primeira participação de uma mulher em combate ocorreu em 1823. Maria Quitéria de Jesus lutou pela manutenção da independência do Brasil, sendo considerada a primeira mulher a assentar praça em uma unidade militar e, em 1996, foi reconhecida como Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.
Entretanto, somente em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres oficialmente ingressaram no Exército Brasileiro. Foram enviadas 73 enfermeiras, que serviram em quatro diferentes hospitais do Exército dos Estados Unidos, todas voluntárias.
O Exército Brasileiro já tem presença feminina na organização desde os anos 1990, mas restrita a áreas de apoio. A primeira turma de formação envolvendo mulheres foi aberta na Escola de Administração do Exército, em 1992, com 49 alunas. Em 1996, a Força Terrestre instituiu o serviço militar feminino voluntário para médicas, dentistas, farmacêuticas, veterinárias e enfermeiras de nível superior.
Em 2017, a Escola de Sargento das Armas (ESA
) promoveu o primeiro processo seletivo nas áreas de combatente, logística-técnica e aviação. Foram 12,5 mil candidatas para as 70 vagas do curso.
E por fim, 2019 foi marcado pela primeira turma de cadetes com a presença de mulheres na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Essas são as primeiras oficiais dedicadas ao combate, e têm a possibilidade de chegar ao topo da carreira.
Ingresso
Atualmente, as mulheres podem ingressar no Exército Brasileiro pelos seguintes meios:
– Academia Militar das Agulhas Negras;
– Instituto Militar de Engenharia, destinado àquelas que possuem o ensino médio ou já é formado em Engenharia;
– Escola de Saúde do Exército;
– Escola de Formação Complementar do Exército, que oferece vagas para àquelas que tenham concluído o ensino superior em diversas áreas de interesse;
– Escola de Sargento das Armas;
– Escola de Sargentos de Logística.
– Seleção para oficial temporário no Estágio de Serviço Técnico (EST) ou Estágio de Adaptação e Serviço (EAS). Há ainda a possibilidade do ingresso por meio do processo seletivo para Estágio Básico de Sargento Temporário (EBST). Informações sobre as inscrições e vagas para sargento ou oficial temporário podem ser obtidas junto à Seção de Serviço Militar Regional mais próxima de sua residência.